Donos de clínica suspeitos de deformar pacientes têm prisão mantida pela Justiça
13/03/2025
(Foto: Reprodução) Segundo a Polícia Civil, o casal é suspeito de deformar pacientes em uma clínica de estética em Goiânia. Eles foram presos na última quarta-feira após ficarem 1 mês soltos. Donos de clínica presos usaram óleo de silicone em pacientes em Goiânia, diz delegado
Os influenciadores e donos de clínica de estética, Karine Gouveia e o marido dela, Paulo César Dias, tiveram a prisão mantida pela Justiça após uma audiência de custódia nesta quinta-feira (13). Segundo a Polícia Civil, o casal é suspeito de deformar pacientes em uma clínica de estética em Goiânia.
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A juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães analisou o caso do casal e concluiu que há fundamentos que justificam a prisão deles e que não foram apresentadas provas suficientes para alterar a situação. Portanto, a prisão deles foi mantida.
No documento, Ana Cláudia cita que liberar os acusados poderia prejudicar a ordem pública, devido a gravidade dos crimes que eles supostamente cometeram. Além disso, há provas que comprovam que esses crimes realmente aconteceram e indicam que são eles os responsáveis. Por fim, a juíza vê um risco na liberdade deles, considerando que a gravidade das ações pode representar um perigo para a sociedade.
Eles foram presos preventivamente na última quarta-feira (12), cerca de um mês após serem soltos por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo o delegado do caso, Daniel de Oliveira, eles usaram substâncias proibidas como óleo de silicone e o PMMA em procedimentos estéticos e cirúrgicos de alto risco.
A defesa de Karine Gouveia afirmou que a influenciadora nega o uso do óleo de silicone, como informado pelo delegado. O advogado da Karine, Romero Ferraz, argumenta que a acusação deve provar o uso da substância, mas que a investigação ainda não foi concluída.
"Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia. Ela exercerá o direito de defesa dela", declarou.
Sobre a prisão preventiva, a defesa afirmou, em nota, que discorda absolutamente da decisão decretada pela prisão preventiva dela. Segundo a defesa, a decisão "se valeu de narrativas falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa, evidenciando práticas de lawfare" (veja a nota completa ao final da matéria).
A defesa de Paulo disse que considera a prisão preventiva absurda e juridicamente insustentável, destacando que o STJ, por meio da ministra Daniela Teixeira, já afirmou que a medida é desproporcional e desnecessária. Argumenta ainda que ele estava cumprindo todas as medidas cautelares, que já está recorrendo e pretende levar o caso a instâncias superiores, como o STJ e o STF, para reverter o que considera uma ilegalidade.
Segundo a Polícia Civil, o casal foi preso em razão das acusações de formação de organização criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais gravíssimas, exercício ilegal da medicina, estelionato e outros crimes relacionados à prática de procedimentos estéticos e cirúrgicos sem a devida qualificação técnica e autorização legal.
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Karine Gouveia e Paulo César, casal investigado pela Polícia Civil, Goiás
Reprodução/Redes Sociais
Relembre o caso
O casal foi preso, pela primeira vez, em dezembro de 2024, em uma operação policial que investigava procedimentos estéticos e cirúrgicos que causaram danos físicos a pacientes. Segundo a Polícia Civil, além dos donos, mandados de prisão, busca e apreensão foram cumpridos em desfavor de técnicos que atuavam na clínica e que não tinham formação para realizar os procedimentos.
Na época, a defesa do casal afirmou, à TV Anhanguera, que a clínica possuía todos os documentos necessários para funcionar, que Karine e Paulo sempre praticaram os atos dentro do que determina a lei e que o local atende a todos os padrões exigidos pela Vigilância Sanitária. A polícia negou a fala da defesa e afirmou que a clínica possuía um alvará para procedimentos apenas de classe estética, ou seja, minimamente invasivos.
Além da incapacidade profissional dos envolvidos, a investigação aponta que os materiais e produtos usados nos procedimentos eram inadequados. Mandados também foram cumpridos em Anápolis, a 55 km da capital. Os envolvidos tiveram as contas bancárias, bens e valores bloqueados. No total, foram R$ 2,5 milhões apreendidos e um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões.
Soltos desde fevereiro
Após decisão publicada no início de fevereiro pela ministra do Superior Tribunal de Justiça Daniela Teixeira, os dois foram soltos. Na desição, a ministra pontuou manter o casal preso era “desproporcional” e citou que outros investigados já foram soltos.
A sentença atendeu o pedido da defesa, que alegou que Karine e Paulo não poderiam mais atrapalhar as investigações e também são pais de uma criança de 7 anos, que inclusive sofreu um acidente grave de carro e precisou passar por cirurgia.
Nota de defesa de Karine
"A defesa de Karine Gouveia destacou que discorda absolutamente da decisão que foi decretada a sua prisão preventiva, isso porque se valeu de narrativas Falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa, evidenciando práticas de lawfare e tentando salvar uma investigação cheia de desvios do caminho legal.
Sobre a fala do Delegado de que utilizava óleo de silicone nos procedimentos, para além de absurda, Karine nega veemente. No entanto, quem tem que provar é a acusação. E isso é objeto da investigação que sequer foi concluída. Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se ele tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia.
Ela exercerá o direito constitucional de defesa dela. Essa investigação subverteu a ordem constitucional, estão se investigando pessoas e não fatos, como a legislação prescreveu. A cada momento em que não se corrobora uma acusação, se busca uma nova linha acusatória para constranger pessoas. E esse excesso de acusação e atos em claro desvio do caminho legal é que está mantendo a investigação."
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